segunda-feira, 28 de junho de 2010

A história de Júlia

Era uma segunda-feira. O pior dia que podia existir para Júlia. Pior por ser o início de uma semana repleta de responsabilidades: trabalho (o que para ela significava se esforçar para algo que não gostava; a competição de alguns colegas de trabalho; a tentativa de conviver com pessoas totalmente diferentes do que ela era); faculdade (a necessidade de tirar boas notas para não perder o pequeno desconto que havia conseguido; a dificuldade em fazer provas; a convivência com as pessoas; a vergonha de falar em público; a obrigação de tirar boas notas para que o pai ficasse satisfeito). Isso, sem contar com os sorrisos forçados. Ou vai dizer que ninguém nunca foi obrigado a dar bom dia a quem não queria, ou a sorrir para alguém que odeia? Júlia sempre foi contra falsidade. Por esse motivo, nunca disse maravilhas para alguém que não gostava e nunca foi amiga de quem achava falsa, fresca, mesquinha, egoísta ou egocêntrica. Tinha a feia mania de olhar de lado para quem não era muito afeita e fazer um carão que causava até medo. Mas, é necessário explicar que o carão era apenas uma máscara que utilizava com pessoas não queridas. Ela se encontrava naquele momento da vida em que as coisas ficaram sérias demais, adultas demais, sem que fosse essa a sua vontade, e em que tudo era motivo para dizer que estava cansada. Júlia realmente estava cansada. Cansada de escutar sapo, cansada de não ter por perto pessoas que soubessem reconhecer o seu potencial, a sua capacidade, o seu valor. Saturada de gente que não é tão sentimental como ela. Sim, Júlia tinha a feia mania de amar demais e perdoar muito fácil. A amar demais ela aprendeu com a mãe, uma velha sentimental com um coração de manteiga; e a perdoar fácil demais ela aprendeu aos 15 anos de idade: foi uma estratégia desenvolvida para manter um ex-relacionamento, após escutar de várias pessoas que ela era muito orgulhosa. E realmente era. Finalizava a amizade com uma grande amiga simplesmente por esta ter esquecido o dia do seu aniversário. Naquela segunda-feira, Júlia apenas necessitava que tudo acontecesse como sempre: trabalho durante o dia e aula à noite. Tinha a certeza de que nada de bom aconteceria, afinal, era uma segunda-feira. Mas aconteceu. Cauã, o cara que trabalha no mesmo prédio que ela, resolveu olhar de um jeito totalmente diferente para aquela "menina", como costumava chamá-la quando estava com os amigos. Um olhar diferente (toda mulher sabe o que isso significa e como acontece) pode fazer com que uma segunda-feira seja o melhor dia da semana. Ela ficou sem entender, é claro. Até aquela idade, 24 anos, nenhum homem tão bonito quanto aqueles da televisão havia se interessado por ela. Júlia sempre dizia para as amigas: "Os homens bonitos não olham para mim. Eles não gostam de mim". Isso ratificava a enorme insegurança desenvolvida ao longo dos anos ou a insegurança que veio do berço. Já estou aqui entrando na onda de Júlia. Um simples olhar pode significar um pedido de namoro para ela. Mas sou sensata. Ela, apaixonada. Apaixonada pelas pessoas. Apesar de sempre ter alguém que a irrita com muita facilidade, seja no trabalho ou na faculdade, em um grupo de amigos ou até na igreja, Júlia acredita no ser humano. Acredita na capacidade de amar das pessoas, acredita que um amor verdadeiro é capaz de passar por cima de tudo. Talvez seja exatamente por isso, como disse uma colega da faculdade, que ela vive se magoando com as pessoas. "Você gosta tanto das pessoas que acaba se magoando muito fácil".

2 comentários:

Anônimo disse...

Julia né helineia ? rsrs uhum,tenho orgulho de vc,e sei que vc é capaz,está ficando muito legal,termine se dedique o bastante :D
de:victoria

Anônimo disse...

Voltouuuu a escrever, né dona HELINÉIA!! Estava com saudades das suas belas palavras!! E vivo com saudades de vc.
Beijos
Jorge