segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ser adulto demais

Acordo, tomo banho, escovo os dentes. No dia anterior já estava preocupada com o fato de ter que trabalhar no dia seguinte. Não existe trégua. De segunda a sexta tenho que cumprir as responsabilidades. Sábado e domingo são os dias de preocupação com as responsabilidades que tenho durante a semana. Não descanso a mente. Os pensamentos giram em torno do que quero e preciso conseguir. Estudo para quê? Ora, estudo porque quero e preciso ter um emprego melhor. Ser estagiária tem lá suas regalias, mas sabe-se que isso não me dá a recompensa que desejo. Tenho que pensar na família que necessita de uma recompensa pela ajuda de agora. Eles são a minha fortaleza. Devo muito a eles. Como reprovar uma matéria na faculdade quando sei que a situação financeira não é das melhores. Preocupações como essas sempre me fizeram ser um pouco diferente dos demais. Nunca reprovei nenhuma série. Na faculdade, tenho que vencer diariamente a minha vergonha em falar em público, caso contrário, serei sempre vista como um zero a esquerda. Sempre que tenho alguma apresentação fico nervosa com um mês de antecedência. Imagine, então, como fico no dia da apresentação?! Tenho que dar conselhos para minha irmã. Não quero que ela reprove mais uma série, ou que se envolva com coisas erradas.
Tenho que entender que as pessoas não estarão sempre à minha disposição. Tenho que compreender alguns momentos de raiva. Entender que amo algumas pessoas e algumas me amam, mas nem sempre estaremos sorrindo para as pessoas. Não consigo entender certas coisas com o olhar de uma criança, que fica de bico, mas logo esqueçe e perdoa. Tenho que trabalhar com responsabilidade e compromisso. Não posso perder o emprego, afinal, é através dele que consigo pagar a faculdade. Estou sempre preocupada com algo. Não existe mais momento para a brincadeira, para o sorriso. Quero voltar a ser criança. Tudo era melhor, bem melhor. Depois de adulto, as pessoas esquecem o valor de um sorriso, o valor de olhar as coisas com os olhos de uma criança.

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