segunda-feira, 30 de março de 2009

As [sem] palavras [des]necessárias

As palavras nunca conseguem suprir a vontade que tenho de falar. Elas apenas podem rodear o que estou pensando; em determinados momentos dizem aquilo que não consigo explicar; em outros, me surpreendem com pensamentos que nem sabia que tinha. Mas nunca conseguem ser enérgicas a ponto de substituir um olhar, afago, beijo, abraço, ou, até mesmo, uma lágrima, ou careta de raiva.
Alguns, como o escritor tcheco Milan Kundera escrevem aquilo que afirma ou completa o meu pensamento, e por isso, estou adorando ler A Insustentável Leveza do Ser. Acho que Kundera é um escritor que está muito próximo de mim. Ele consegue escrever aquilo que penso, de maneira fácil e completa. Para isso, ele não precisa usar palavras complicadas.
Acontece que estou sempre depositando nas palavras a explicação para os meus questionamentos diários. Estou sempre imaginando qual será a palavra correta que conseguirá englobar tudo o que desejo que o outro saiba. É um enorme peso não se conseguir, através das palavras, explicar todas as nossas agonias, sentimentos, raivas, dúvidas. Quantas dúvidas.
Fico pensando se um "eu te amo" consegue suprir a vontade que temos de ter alguém ao nosso lado, de sentir o que sentimos, de querer o amor. Acho que não.
O fato é que existem muitas coisas além das palavras, que por mais que eu tente explicá-las para vocês não conseguirei, pois elas somente comprovam a incompletude (se é que esta palavra existe) das palavras.

Somos imperfeitos e isso nos completa!

Hoje, vou usar este espaço para falar sobre aquilo que é, e não sobre o que gostaria que fosse. Tenho uma mania feia de sempre querer somente o que quero, e não saber avaliar nem dar valor àquilo que realmente é.
Ao invés de usar palavras grosseiras, prefiro usar palavras amorosas. Mas não faço sempre assim, e nem sempre pensei assim.
Ando praticando bastante minha paciência. Coisa que nunca tive.
Agora consigo entender, pelo menos mais do que antes, que existem coisas boas naquilo que, inicialmente, foi vontade de outra pessoa. Mas me diga que tenho que ceder para ver a minha reação.
Adoro falar sobre as imperfeições. Adoro falar que fulano está errado e eu estou certa. O problema é quando me dizem que eu estou errada e tenho que aceitar.
Estou sempre com as melhores palavras para as amigas que estão com problemas. Mas quando o problema é meu, sempre faço tudo errado.
Odeio julgamentos antecipados. Mas estou sempre desconfiando de tudo e todos. E sempre acho que fulano não é bom o suficiente para ser meu amigo.
Responsabilidade e trabalho são duas coisas que me deixam completamente extasiada, mas choro quando estou muito cansada, e quase sempre digo que queria voltar a ser criança, que não existe coisa melhor.
Falo coisas que não consigo fazer. Faço coisas que normalmente não faço, mesmo odiando tudo isso.
O fato é que antes não aceitaria isso assim tão fácil. Agora, consigo compreender que mudo de ideia e que não sou perfeita. Sou imperfeita, e por isso, devo apenas aceitar as minhas contradiçoes.
Até porque, tem um gostinho muito bom nesta história de felicidade de tristeza.
Mesmo adorando a felicidade, também consigo tirar proveito dos momentos ruins. Eles me ensinam bastante.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Falsidade ou sociabilidade

Meu pai, em mais um dos seus vários momentos de raiva da vida, me disse que devemos ser falsos quase o tempo todo. Que não podemos ser verdadeiros com tudo e todos. Engraçado que por mais que não tenha concordado na hora, hoje, não consigo ser grossa nem mesmo com quem não suporto. Isso é muito complicado, porque passei a ser falsa também: acabo sorrindo para quem não gosto e volto para casa com raiva de mim. Estou lutando contra isso. E como estou.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Aos amigos

Não se preocupem com o silêncio que se mostra inevitável, isso passa. Falar, às vezes, desgasta, cansa e nada resolve. Falar muito pode apenas impor o que o outro deseja.
Não se apeguem aos pensamentos que parecem tomar conta de tudo: eles se vão, e outros aparecem para retomar a "sangria desatada" que é pensar, que é viver.
Não se entristeçam com os pormenores, com picuinhas, mentiras, desavenças: isso apenas prova que viver não é e nunca será fácil.
Não tenham raiva dos problemas que acabam em primeiro plano: eles se resolverão, e outros ocuparão o lugar "não desejado".
Preocupem-se apenas em manter aqueles bons e velhos amigos. Até porque, é também pela existência dos amigos que independente do que venha a acontecer, estarei sempre firme e forte.
Bastante sacudida, é claro, mas firme e forte. É isso que importa.
Queiram apenas saber que junto com o crescimento e o tempo da amizade, desenvolve-se a compreensão. As pessoas mudam de ideia, acabam fazendo o que juraram nunca fazer. Mas amizade é mesmo isso, lealdade é isso: apesar de tudo, de todas as diferenças e mudanças você ainda gosta e tem consideração.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Alegria, alegria

*É aquela que faz falta quando passa muito tempo sem aparecer
*É aquela que pode deixar um maluco ainda mais maluco
*É aquela que procuramos enquanto todo o resto acontece
*É aquela que não identificamos enquanto a procuramos em outras coisas
*É aquele sentimento que incomoda os outros
*É aquilo que se torna superficial quando o procuramos por fingimento
*É aquilo que devemos sentir diante das tristezas
*É aquilo que nem sempre acontece
*É aquilo que às vezes acontece
*É aquilo que alguns nunca saberão o que é

terça-feira, 10 de março de 2009

Mudanças

É incrível a minha capacidade de mudar de ideia. Fico assustada com minha impossibilidade de falar o que realmente penso, sem pena, receio ou vergonha.
Antes, quando criança, jamais hesitaria em soltar as "melhores" palavras. No mais alto som. Porque se a pessoa tivesse cara-de-sonsa e fingisse não escutar, não teria para onde correr. E teria mesmo que escutar minha opinião.
Se não gostasse de alguém, não tinha problema nenhum de escrachar, de "mandar brasa", e deixar a pessoa completamente sem jeito diante de minhas palavras.
Agora, depois de grandinha, fico nessa historinha de ser sociável, agradável, educada, simpática.
Ah, quer saber?, hoje fiz diferente. Quase mandei meu chefe àquele lugar. Está pensando que sou o quê? Uma burra que sempre aceita as coisas balançando a cabeça? Não, nem pensar. Posso ficar calada, mas opinião eu tenho. Sempre tive. E, a partir de agora, vou usá-la com bastante frequência. Estou cansada de esconder o que penso.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Loucura

De todas as loucuras que aceito participar, o amor é a mais insana e desprovida de amor-próprio. Primeiro: ao amar alguém desejo que a relação venha inundada de felicidades, paciência, consideração, cumplicidade. Espero que não exista mentira. E sim, exclusividade e fidelidade. Ser a mais amada é o que mais desejo. A mais desejada, aquela que o mudou, que o fez enxergar a vida com outros olhos. Aquela que o fez acreditar verdadeiramente na existência do amor. Loucura minha! Isso não acontece.
Segundo: parece que para amar alguém preciso necessariamente de anulação própria. Me coloco sempre em última posição. E simplesmente ignoro aquilo que quero, sinto e concordo. Preciso ter certeza que sou amada. Quero absorver a pessoa. Bobagem minha. Isso também não acontece.
Não acontece porque apenas existem momentos em que estamos por cima, e momentos em que estamos por baixo. Nunca teremos a certeza do amor.
Acontece que ao amar alguém, estamos alimentando a nossa vontade de fazer com que o outro se sinta bem, e, é claro, a nossa vontade de realização amorosa. Já dizia Aristóteles, um dos maiores pensadores de todos os tempos: "O amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição". Acreditamos que por meio do amor, tudo se resolverá. E esquecemos que é por causa dele que vivemos inseguros. É exatamente por causa dele que os defeitos são escancarados. Seres perfeitos?, isso não existe. Principalmente no amor.
Por causa da idealização deste maldito sentimento passamos a fazer coisas que antes não fazíamos. Esquecemos os conselhos, as dicas, as posturas corretas, o orgulho. Esquecemos de viver.
O fato é que, depois de um tempo, tudo acaba, tudo tem fim. E, a partir disso, passamos a pensar: por que fiz tudo isso por uma pessoa que nem me ama?, por que, mais uma vez, acreditei nessa burrice chamada amor?...
Minha conclusão é que o amor, ah, o amor, ele não existe. Ele é apenas o desejo de toda pessoa. Quem não quer ser verdadeiramente amado?!
A crença no amor faz parte de uma insatisfação com tudo o mais: insatisfação com a vida, com as dificuldades, com os problemas, com a real situação de cada um.
As desilusões, cada vez mais, me mostram que o amor pode ter existido - em Romeu e Julieta, por exemplo, da obra de William Shakespeare - mas não existe mais - em O Teatro de Sabbath, por exemplo, do escritor norte-americano Philip Roth.
No livro de Philip Roth, para o personagem Mickey Sabbath, Drenka Balich era apenas sua satisfação pessoal, seu controle emocional, seu ponto de equilibrio. E, ao mesmo tempo, seu destempero, sua insegurança, seu descontrole pessoal, sentimental, sua loucura.
Somos ensinados a pensar primeiro em si. Para mim, isto determina ainda mais a inexistência do amor. Pensamos cada vez menos nos outros. E consequentemente, cada vez mais em si.
Sou uma das poucas malucas que ainda acreditava no amor. Que pensava primeiro no outro, para depois pensar em si. Mas quer saber?, estou fora dessa também. Existem bons momentos, bons amigos, bons companheiros, família, saudade, desejo, paixão. Mas não existe nada de bom na loucura de acreditar no amor. Ele apenas faz parte de um padrão. De um desejo. De uma "obrigação" para se ser feliz.